Estresse, jornadas longas de trabalho, má alimentação, nervosismo, pressão, fadiga, correria. Todas essas características fazem parte da carreira jornalística. É um pacote completo, com alegrias e agruras, satisfações e angústias, coisas boas e ruins. Como acontece em toda profissão.
Por causa da grande carga emocional que o jornalista recebe, acaba contraindo, inevitavelmente, algumas doenças. Não é possível afirmar que o JORNALISMO as causa, obviamente. Mas a loucura do dia-a-dia contribui para o desenvolvimento de várias delas no organismo.
Entre os males, estão problemas relacionados ao estômago (por causa do nervosismo diário intenso) como esofagite, gastrite e hérnia de hiato. Úlceras são consequências claras decorrentes destas enfermidades. Outro dia, conversando com a repórter Veruska Donato, da TV Globo, descobri que os médicos já sabem dos riscos de saúde causados pela nossa profissão.
Ela me dizia que estava com gastrite e foi ao médico. Quando ela contou que era jornalista, o doutor recomendou também que fizesse um eletrocardiograma para ver como estava o coração. Sim, nós jornalistas também devemos ficar atentos aos problemas cardíacos. Arritmias, hipertensão arterial e ameaças de infarto são os mais comuns.
Dores de cabeça, ansiedade e depressão completam a lista das principais doenças que, potencialmente, nós, jornalistas, podemos adquirir ao longo da carreira. Apesar de exercer uma atividade essencialmente social, os profissionais da mídia acabam sendo pessoas um tanto solitárias. Muitas vezes, trabalhamos em longas jornadas e mesmo em feriados e fins de semana, o que nos afastam da família com certa regularidade.
Assim, apesar de nos relacionarmos com muita gente, às vezes nos sentimos também vazios e tristonhos. Esta é a porta de entrada para a depressão. Existe um outro fator curioso levantado pelo site Separados de Chile (www.separadosdechile.cl). Segundo a pesquisa, o jornalismo é a segunda profissão que mais provoca divórcios. Pelos mesmos motivos ditos acima.
Não adianta fugir da verdade. Jornalismo é uma profissão “nervosa” por natureza. Por isso, brincamos nas redações e dizemos que jornalismo é sina, não profissão. Ainda assim, repito: vale a pena. Amo o que faço e, quem está nisso, é porque realmente se entrega ao que faz, sem pensar nas consequências orgânicas ou familiares. Quem escolheu o jornalismo, vive inteiramente para ele. No meu caso, que escolhi a profissão com nove anos de idade, mais ainda. Um forte abraço.
Leandro Martins
Repost de 25 de set 2012